Você já ouviu falar em produtos finais da glicação avançada (AGEs)?
Quando o tema é estilo de vida saudável precisamos nos atentar aos mínimos detalhes.
Por isso, é preciso que você saiba o que são os AGEs!
Os produtos de glicação avançada - ou AGEs, do inglês, advanced glycation end-products - são formados por meio da reação de Maillard, caracterizada pela glicação não enzimática de escurecimento.
A formação endógena de AGEs envolve mecanismos do “estresse carbonílico”, em que a oxidação de lipídios ou de açúcares gera compostos dicarbonílicos intermediários altamente reativos. Com isso, são algumas espécies reativas do oxigênio (EROs), que levam ao estresse oxidativo e danos estruturais.
Em pacientes com diabetes mellitus (DM), a hiperglicemia crônica ou picos de glicemia no período pós-prandial promovem a modificação não enzimática de diversas macromoléculas, propiciando a geração de AGEs.
Para você ter noção, a elevada concentração sérica de AGEs é associada ao desenvolvimento de doença vascular aterosclerótica, além de favorecer o aumento do estresse oxidativo celular.
As concentrações de AGEs encontram-se aumentadas não só na hiperglicemia, mas também em situações como insuficiência renal crônica, doenças inflamatórias e autoimunes.
Os AGEs circulantes na corrente sanguínea se ligam em receptores para AGE, os chamados RAGE, presentes na superfície celular e culminam na geração de EROs, com ativação de um dos principais componentem inflamatórios, o fator nuclear kappa B (NF-kB). Este último promove o aumento de expressão de marcadores inflamatórios e moléculas de adesão, que agravam o dano vascular. A expressão de RAGE é aumentada em paciente com DM e a sua atenuação reduz o desenvolvimento de lesão aterosclerótica.
E afinal, qual principal fonte externa (exógena) de AGEs? Adivinha... A dieta.
Os AGEs podem ser absorvidos no trato gastrintestinal e transportados pela albumina e por partículas de LDL-c. Os alimentos que têm sido descritos com altas concentrações de AGEs são os ricos gorduras, como manteiga e margarina, carnes e queijos, produtos industrializados, como cereais matinais, biscoitos e batatas do tipo chips ou fast food.
Além disso, precisamos ficar atentos a altas temperaturas, pois estas são responsáveis por promover a formação de AGEs. A utilização de temperaturas superiores a 170°C, como fritar, assar e grelhar, potencializam a formação de AGEs, ao passo que a cocção em temperaturas mais brandas (aprox. 100°C) na presença de umidade, como o cozimento em água ou em vapor geram menos AGEs.
Resumidamente
QUAIS MALEFÍCIOS DO ALTO CONSUMO DE AGEs
- Modificação da estrutura de algumas proteínas da dieta, tornando-as mais alergênicas.
- Ativação de vias inflamatórias no intestino, comprometendo o funcionamento das células.
- Ligação a proteínas estruturais, como colágeno, favorecendo o envelhecimento e dificultando a cicatrização.
- Ativação de vias inflamatórias no organismo, favorecendo o desenvolvimento de doenças metabólicas.
- Ligação à receptores de membrana, induzindo a produção de radicais livres que danificam células e moléculas.
COMO REDUZIR O CONSUMO DE AGEs
- Evite o consumo de industrializados, prefira alimentos in natura ou minimamente processados.
- Prefira preparações cozidas em água ou no vapor, em vez de frituras e alimentos grelhados em chamas altas.
- Evite o consumo de alimentos industrializados que apresentem xarope de milho ou xarope de frutose na sua composição.
- Procure manter a sua glicemia controlada, pois alta concentração de glicose no sangue favorece o processamento de formação de AGEs.
- Consuma frutas, verduras e legumes, que possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
- Atente-se ao tabagismo, já que é outra fonte de AGEs.
REFERÊNCIAS
Uribarri J, Woodruff S, Goodman S, et al. Advanced glycation end products in foods and a practical guide to their reduction in the diet. J Am Diet Assoc. 2010;110(6):911-16.e12. doi:10.1016/j.jada.2010.03.018
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